quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Comentários à Propriedade Industrial na África


Quase todos os 60 países da África possuem leis na área de propriedade intelectual que garantem os registros de marcas e patentes.
A Advogada sul-africana Rina Gunter, do escritório Spoor & Fisher, comenta que novas marcas e produtos têm chegado aos países africanos e com isso, a discussão sobre registros de marcas, patentes e design ganha relevância.
Rina Gunter comenta ainda que a desorganização e a falta de tecnologia complicam os registros.
Na Nigéria, por exemplo, o registro de patentes é feito à mão, em um livro de anotações. O registro de marcas é um pouco melhor, há arquivos informatizados, mas ainda não é possível fazer pesquisa, pois não há um banco de dados.
No Zimbábue, cada empresa tem de enviar à instituição responsável pelo registro um papel com o desenho da marca. A ilustração receberá um número, escrito a mão em qualquer parte branca do desenho, e será colada no caderno de folhas sem pauta onde estão centralizados todos os registros. “Mesmo parecendo uma bagunça, o registro funciona bem”, diz Rina Gunter.
Em Angola, segundo relatos da advogada, existem dois computadores no escritório de registros: um para patentes e um para marcas. Não há servidor e nenhum deles tem backup, mas é possível usá-los para pesquisar registros feitos a partir de maio de 2005.
16 países que integram a entidade OAPI (Organização Africana de Propriedade Intelectual) têm um banco de dados das patentes registradas.
14 países africanos assinaram o Protocolo de Madrid, acordo internacional que permite que o registro de marca feito em um dos 84 países membros, somados aos da União Europeia que também o integra, valha para todos os membros (o Brasil não é signatário ainda). Porém, para que a proteção seja eficaz, a advogada Rina aconselha a empresa a fazer um registro da marca em cada um dos países em que estiver presente. Há países que assinaram o Protocolo de Madrid, mas a legislação nacional diz que os tratados internacionais não têm efeito sobre o território nacional quando não estão de acordo com as leis locais.
Brasil e África
Segundo o advogado Emile Myburgh, do escritório sul-africano Emile Myburgh Attorneys, contribuíram para uma maior confiança nos países a edição de novas leis que dão proteção aos investimentos, garantem a propriedade industrial e os direitos de importação. Ele afirma que a economia de Angola, por exemplo, cresceu 92% de 1992 a 2007.
Nos primeiros quatro meses de 2009, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, as exportações brasileiras para o continente africano somaram US$ 2,77 bilhões, enquanto o movimento inverso, de importações de produtos brasileiros pela África (continente), totalizou US$ 1,826 bilhão. África do Sul e Angola são os principais alvos dos brasileiros. 
Fonte: www.conjur.com.br