Pesquisadores do Instituto de Biologia (IB) e do Instituto de
Química (IQ) da Unicamp desenvolveram um nanofármaco, já testado em animais com
resultados altamente promissores, que demonstrou ter potencial na
redução de tumores localizados na bexiga urinária. O fármaco estimula a
produção de proteínas, de células de defesa e de citocinas, favorecendo a
destruição dos tumores. Sobre a importância da tecnologia, os dados falam
por si: em 2016, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o
país registrou 7.200 (homens) e 2.470 (mulheres) novos casos desse
tipo de câncer.
A tecnologia, que está disponível para
licenciamento, registrou índice bastante promissor: 80% dos casos
analisados tiveram diminuição da atividade tumoral. Este número demonstra a eficiência
da utilização do nanofármaco quando comparado a outros tipos de tratamento
disponíveis no mercado. Em outras palavras, a atividade antitumoral
proporcionada pela tecnologia é única. “O fármaco é capaz de promover a
regressão e inibir a progressão tumoral em 80% dos casos de câncer de bexiga, o
que o coloca em posição superior às terapias existentes para esse tipo de
tumor. Ademais, apresenta toxicidade muito baixa na dose terapêutica, sendo
esse fator muito importante na qualidade de vida dos pacientes”, ressalta o
professor Wagner Fávaro, responsável pelas pesquisas.
O docente destaca que não há, atualmente, tecnologia disponível
que seja mais eficiente no tratamento deste tipo de câncer do que o fármaco
desenvolvido nos laboratórios da Unicamp. A imunoterapia com Bacillus
Calmette-Guerin (BCG) é comumente utilizada, mas está
frequentemente associada a efeitos colaterais como a sepse, doença na qual a
corrente sanguínea fica carregada de bactérias, além de recorrência tumoral em
até 30% dos casos. Para amenizar estes efeitos, normalmente, utiliza-se a
quimioterapia. Contudo, este tipo de tratamento também apresenta elevado grau
de reincidência da doença, além de não ocasionar uma melhora na qualidade de
vida do paciente. “Os nanofármacos atuam de forma eficiente devido à sua grande
área superficial e tamanho (nanométrico) permitindo maior penetração nos
tumores. Devido à alta efetividade, estes são colocados
em concentrações menores em relação aos quimioterápicos, eliminando
ou minimizando seus efeitos tóxicos”, aponta o professor Nélson Duran, também
responsável pelos estudos.
Além da baixa toxicidade aliada ao aumento na qualidade de vida
do paciente, outros pontos positivos do fármaco são a alta reprodutibilidade, o
baixo custo para sua obtenção e a possibilidade de ser utilizada tanto para
tratamento animal – cães diagnosticados com câncer de bexiga -, quanto humano.
Embora ainda não realizados, os estudos em humanos devem começar após liberação
do Comitê de Ética da universidade. “Como iniciamos estudos pré-clínicos, toda
a caracterização do fármaco e seus mecanismos foram testados em animais. Uma
consideração importante é a utilização do fármaco para tratamento em cães que
desenvolveram espontaneamente o câncer de bexiga. Iniciaremos a tramitação de
um projeto para ensaios de toxicidade humana junto ao Comitê de Ética –
UNICAMP, para que em um futuro muito próximo possamos iniciar esses testes em
seres humanos”, revela Fávaro.
O docente reitera que, para confirmar a eficácia da tecnologia
em humanos, tais testes são imprescindíveis. “Com esses resultados, podemos
projetar, com segurança, que funcione em seres humanos. Nossos estudos
possuem um diferencial em relação aos outros, pois fizemos todo o
desenvolvimento pré-clínico do fármaco para aplicação em ensaio clínico em
cães e futuramente em humanos. Os estudos realizados suportam os ensaios
clínicos em humanos. Da mesma forma que fizemos para os cães, em humanos é
preciso fazer todos os testes para verificar sua eficácia e toxicidade”, esclarece.
A tecnologia, que tem a marca registrada OncoTherad, está em
fase adiantada de desenvolvimento. Entretanto, para ser comercializada, é
necessário que: sejam realizados os testes clínicos em humanos, uma empresa
efetue seu licenciamento e ter sua utilização autorizada pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Acreditamos que o processo de maior risco já
foi ultrapassado pela equipe dos pesquisadores Unicamp. Além do mais, a
tecnologia está protegida, por pedido de patente no Brasil e no exterior,
ampliando a possibilidade de exploração do produto em outros mercados pela
empresa interessada”, comenta Iara Ferreira, diretora de Parcerias da Inova.
Empresas interessadas no licenciamento da tecnologia devem
entrar em contato com o Setor de Parcerias da Agência de Inovação da Unicamp,
pelo parcerias@inova.unicamp.br ou
pelos telefones (19) 3521-2607 / 3521-5207.
Fonte: http://www.inova.unicamp.br