domingo, 20 de junho de 2010

Iapar participa de projeto para caracterizar mel de Ortigueira

O mel produzido no município de Ortigueira pode gerar um diferencial no mercado e contribuir para maior valorização do produto. Uma parceria entre o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Sebrae-PR e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Campus Londrina deu início ao processo de caracterização do produto daquela região.

O Projeto de Identificação do Mel tornou-se possível graças ao aporte de recursos da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), no valor de R$ 170 mil, liberado após apresentação de um projeto contendo descritivo técnico e justificativa da importância da realização do estudo, no final do ano passado.

Além do investimento financeiro, o Estado também contribui com a participação de pessoal altamente qualificado. Diretamente, o projeto envolve dez pesquisadores, sendo três doutores nas áreas de Química, Biologia e Ciência dos Alimentos.

O conhecimento da origem botânica do mel, de suas particularidades físico-químicas, sensoriais e microbiológicas, e de sua relação com a região de procedência, pode gerar um diferencial no mercado e contribuir para maior valorização do produto.

A pesquisadora do Iapar, Maria Brígida dos Santos Scholz, que já realizou trabalho semelhante de caracterização do café produzido no norte pioneiro do Estado, comenta que a diversidade de vegetações existentes no Brasil possibilita a obtenção de diferentes tipos de meis, dependendo da flora explorada pelas abelhas. Ela destaca ainda que o mel é um produto pouco explorado no meio acadêmico e fala sobre os desafios do projeto.

“O prazo curto para o término dos trabalhos, inicialmente previsto para o final deste ano, é o grande desafio, porém o envolvimento dos pesquisadores e a percepção deles a respeito da importância do levantamento e dos objetivos a serem alcançados nos deixa otimistas. O que dificulta o processo de identificação de um produto é a necessidade de se reunir muitas informações e trabalhá-las paralelamente para que não percam a validade”, frisa a pesquisadora.

O objetivo do projeto, segundo ela, é verificar a viabilidade da indicação geográfica. “Somente a partir desse estudo é possível conhecer as características do mel produzido naquela região e se isso o diferencia ou não de outros produtos”, explica Brígida.

O gerente da Regional Norte do Sebrae/PR, Heverson Feliciano, lembra que a adição de valor ocorre por meio da diferenciação de um produto ou processo. “O processo de identificação é necessário para que se parta para outras possibilidades como a indicação de procedência, por exemplo. Experiências como essa de identificação de alimentos têm gerado mais valorização para os produtos, abertura de novos mercados e melhoria do preço de venda”, assinala.

O gerente destaca também a importância das parcerias para a concretização do projeto. “Esse projeto não seria viável com a iniciativa apenas dos produtores ou do Sebrae/PR. A parceria com a UTFPR e o Iapar e o incentivo da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior são essenciais e permitem aproveitar os recursos já existentes para potencializar a apicultura no Estado”, conclui Feliciano.

Segundo o diretor técnico-científico do Iapar, Arnaldo Colozzi, esta parceria com a UTFPR-Campus Londrina marca o início de uma cooperação técnica entre as duas instituições que pode avançar muito, uma vez que ambas têm interesses e possibilidades convergentes, principalmente no que diz respeito à pesquisa com alimentos e agregação de valor aos produtos.

Previsão - Os primeiros resultados do Projeto de Identificação do Mel produzido no município de Ortigueira devem ser conhecidos até dezembro deste ano, mas para que o projeto atinja seu propósito serão necessários mais dois anos de pesquisas. Os pesquisadores envolvidos dão início ao projeto com a fase de montagem dos laboratórios, aquisição de itens necessários, como compra de reagentes, vidraria e outros equipamentos, e a elaboração dos protocolos para efetuar as análises físico-químicas e microbiológicas.

Concluída essa etapa, que deve demorar dois meses, começam os trabalhos de campo, com a coleta de amostras, avaliações, análises sensoriais, devolutiva de resultados aos produtores de mel, divulgação dos resultados alcançados em cada fase, por meio da realização de seminários, e trabalho de conscientização e nivelamento dos apicultores sobre as boas práticas de produção.

Fonte: http://www.aen.pr.gov.br/