Com menos de dez anos, a grife francesa Pinel et
Pinel tornou-se uma das mais desejadas quando o assunto são malas e acessórios
de couro com toque moderno e alta qualidade.
Quantos anos são necessários para que os novos produtos comecem
a figurar no patamar de “desejabilidade” de marcas centenárias como Hermès,
Louis Vuitton e Goyard? Se a pergunta for dirigida ao designer francês Frédéric
Pinel, fundador da Pinel et Pinel, certamente a resposta será, não sem uma boa
dose de incredulidade, cinco anos. Afinal, este foi o intervalo de tempo que
ele mesmo precisou para transformar sua pequena confecção de baús, malas e
acessórios de couro em uma marca que hoje disputa mercado com as líderes do
segmento de luxo.
“Não achei que o reconhecimento fosse vir tão rápido”, diz
Pinel, durante a segunda edição da Conferência Internacional do Negócio do
Luxo, Atualuxo, promovida pela MCF Consultoria, em São Paulo , entre os dias
9 a 11 de setembro.
Avaliada em 70 milhões de euros, a Pinel et Pinel, começou há
dez anos, com investimento de cerca de 45 mil euros. Valor suficiente para
produzir sua primeira versão dos antigos baús de viagem, com design moderno,
materiais de primeira linha, como couro de peixe e jacaré, e acabamento
irrepreensível.
O resultado foi tão surpreendente que outros pedidos não
tardaram a aparecer, assim como a ampliação do portfólio, que até hoje não para
de crescer. Assim surgiram baús-escritório, baús com caixas de som e conexão
para iPod, malas para levar a bicicleta dobrada e até um baú-floresta, com um
bonsai dentro. Isso, fora os porta-isqueiro, porta-cartão, cigarreiras,
carteiras, pulseiras, frasqueiras e sandálias de dedo únicas e em cores fortes
como o pistache, o roxo e o laranja, que se tornaram suas marcas registradas.
Aos poucos, começaram a
aparecer também as solicitações especiais para clientes famosos como Michael
Jordan – para quem Pinel fez um baú com divisórias, próprias para armazenar a
coleção de 23 pares de tênis do jogador –, o perfumista Francis Kurkjan – que
lhe pediu que criasse uma boutique móvel, com todas suas essências e misturas –
e a casa de champanhe Krug, que mesmo pertencente ao grupo LVMH, optou por
fazer com Pinel um baú especial de piquenique para lançar uma edição limitada.
“Não tenho tempo para focar em apenas um tipo de produto, como
fizeram as grandes marcas por muitos anos. Preciso ampliar meu horizonte de
atuação desde já. Cada vez mais me firmo como designer de produtos e não apenas
de baús ou acessórios”, afirma Pinel, que no momento está desenvolvendo uma
linha de facas e não descarta atuar em qualquer outro segmento.
Com a estrutura ainda pequena, não foi difícil perceber que a
customização das peças era um diferencial a ser levado a sério se quisesse
ganhar terreno rapidamente no mercado de luxo. “A customização permite criar,
rapidamente, uma relação íntima com o público, fazendo com que ele se
identifique com a marca e nossos produtos de forma confortável e, ao mesmo
tempo, individualizada. A customização é o primeiro passo para o verdadeiro
luxo sob medida. É a ilusão do verdadeiro luxo.”
Segundo Pinel, o problema das grandes marcas é que nelas o luxo
se tornou uma máquina, onde não se tem mais tempo para atender aos pedidos
especiais de seus clientes. “Nossa sorte é que temos o tempo a favor e podemos
trabalhar com a essência da criação”, diz ele, lembrando as 400 horas que foram
necessárias para a fabricação do baú de Michael Jordan. “Luxo é ter tempo para
ouvir nossos clientes e ainda podemos nos permitir isso.”
Mas essa situação pode estar com os dias contados. Em entrevista
ao site Gestão do Luxo, Pinel afirmou
que está negociando a venda de cerca de 35% de sua marca para banqueiros da
família Rothschild. “Preciso ter esse tipo de parceria para crescer rápido e
poder competir com mais força com as grandes empresas.”
Uma das primeiras medidas que o ex-publicitário deverá tomar
assim que assinar com seu novo sócio-investidor será finalmente abrir sua
primeira loja em Paris. “Tínhamos a intenção de inaugurar em setembro de 2008,
mas aí veio a crise e achamos melhor não arriscar. Agora, quando acontecer,
teremos mais estrutura para fazê-lo no local e hora certa”, diz Pinel, que já
faz planos para ampliar sua rede com butiques próprias em Nova York , Londres, Los
Angeles e Hong Kong. “Quem sabe um dia também venha para o Brasil. Vejo pelo
número de acessos no meu site que há muito interesse na marca no Rio e em São Paulo.”
Por enquanto, os produtos da Pinel et Pinel podem ser
encontrados apenas no show room da marca, no bairro de Montmartre, e
na Colette, em Paris, na Harrod’s, em Londres, e na Lane Crawford, em Hong
Kong.
Fonte: -http://www.gestaodoluxo.com.br/-