segunda-feira, 31 de maio de 2010

Concorrência Desleal: Café vendido no País terá de seguir padrão mínimo evitando cafés com milho e palha.


Empresas que venderem o produto com impurezas e fora dos padrões serão multadas e terão a mercadoria recolhida
BRASÍLIA - O governo vai exigir padrão mínimo de qualidade para o café vendido no mercado interno. Empresas que venderem café com impurezas e fora dos padrões determinados pelo Ministério da Agricultura serão multadas e terão a mercadoria recolhida por fiscais.
A medida faz parte de uma ofensiva para acabar com a imagem difundida junto aos consumidores de que o melhor café produzido no Brasil vai para o exterior e o ruim é vendido no País. As mudanças poderão levar a aumento de preços de algumas marcas que vendem café mais barato, mas com alto teor de impurezas, como palha e milho.
Ao anunciar na segunda-feira, 24, o programa "Qualidade Global" para a bebida – a segunda mais consumida no Brasil atrás da água –, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também prometeu para breve medidas de apoio ao setor cafeeiro para resgatar no exterior o "respeito" pelo café brasileiro que, segundo ele, foi "adulterado" por campanhas de marketing bem sucedidas de outros países produtores.
Rossi criticou diretamente a Colômbia, por vender café com nome colombiano, mas misturado ao brasileiro. "Temos de recuperar aquilo que é nosso de verdade. É feito lá um blend e reexportado como se fosse café colombiano para ter um over-price no mercado internacional . Isso é muito ruim", atacou. Para ele, as novas regras representam um marco para a indústria nacional e vão garantir um café de melhor qualidade na mesa do brasileiro. "Quem tem o melhor café do mundo não pode ter o mito que o bom café vai embora e aqui fica o ruim. Isso não é verdade".
As mudanças entrarão em vigor em fevereiro. Até lá, as empresas terão de se adequar aos padrões de pureza, umidade, acidez, adstringência e critérios de avaliação sensorial do café, como aroma, sabor, fragrância e sabor residual.
Instrução Normativa da Agricultura será publicada na terça-feira no Diário Oficial com porcentuais exigidos. Para ser vendido, o produto deverá ter, no mínimo, nota igual ou superior a quatro pontos numa escala de zero a dez. Além disso, o café produzido no Brasil ou importado poderá ter, no máximo, 1% de impurezas. A presença de umidade no grão torrado ou moído não poderá ultrapassar 5%. Um profissional especializado fará a prova da xícara, que consiste na degustação do produto. O Brasil é o maior produtor e exportador de café.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Almir José da Silva, o Brasil é o primeiro país a impor regras desse tipo e a elaborar um padrão de identidade e qualidade para a bebida, a exemplo do que os franceses fizerem para o vinho. "Os bons industriais serão premiados e os maus serão punidos", disse. A Abic adota há 20 anos selo de pureza e desde 2004 tem certificação de qualidade para seus associados.
Para o secretário de Produção do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, o café passará a ter preço justo ao inibir a concorrência desleal e forçar as empresas a oferecerem produto com um padrão de qualidade. "Eu não chamaria isso de aumento. É compatibilização de preço com a qualidade do produto". Segundo ele, empresas que oferecem café a preços aviltados por terem pior qualidade terão de se "enquadrar ou sumir do mercado".
Fonte: http://economia.estadao.com.br

Americanos criam a primeira célula viva de genoma sintético

Pesquisadores americanos conseguiram criar uma célula bacteriana viva cujo genoma é sintético, um avanço com múltiplas aplicações potenciais e que deve permitir compreender melhor os mecanismos da vida.
"Trata-se da criação da primeira célula viva sintética", explicou Craig Venter, criador do Instituto de mesmo nome e coautor da primeira sequenciação do genoma humano, revelada em 2000.
"Nós chamamos de sintético porque a célula se deriva totalmente de um cromossoma sintético, criado com quatro frascos químicos em um sintetizador químico, começando com a informação em um computador", explicou, classificando o êxito como uma "etapa importante científica e filosoficamente falando".
"Essa obtenção muda certamente minha visão da definição da vida e de seu funcionamento", acrescentou o pesquisador, cujos trabalhos são difundidos na revista Science.
"Isso se converte num instrumento muito poderoso para tentar desenhar o que esperamos da biologia e pensamos em uma gama muito ampla de aplicações", precisou.
Craig Venter havia anunciado em 2008 que conseguiu, com sua equipe, fabricar um genoma bacteriano 100% sintético pegando sequências de DNA sintetizadas para reconstituir o genoma completo da bactéria Mycoplasma genitalium.
Este genoma foi logo transplantado para outra bactéria, mas sem que esta pudesse funcionar.
Para criar uma célula controlada por um genoma sintético, os pesquisadores retomaram estas duas técnicas elaboradas em 2008.
O genoma que fabricaram é a cópia de um genoma existente, o da bactéria mycoplasma mycoides, mas com sequências de DNA adicionais para distingui-las.
Depois transplantaram este genoma sintético para outra bactéria, denominada mycoplasma capricolum, conseguindo ativar as células desta última.
Apesar do fato de que 14 genes foram apagados na bactéria receptora do genoma sintético, esta se parecia com uma bactéria mycoplasma capricolum.
"Apesar destas técnicas poderem se generalizar, a concepção, a síntese, a montagem e o trasplante de cromossomas sintéticos já não serão obstáculos para os progressos da biologia sintética", indica o estudo.
Segundo Craig Venter, agora os investigadores tentarão conceber algas capazes de capturar o dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa, e produzir novos combustíveis limpos.
Também há pesquisas em curso para acelerar a produção de vacinas, fabricar novas substâncias químicas, ingredientes alimentares e bactérias capazes de purificar a água.
"A habilidade de escrever rotineiramente a engenharia da vida levará a uma nova era da ciências e, com ela, a novos produtos e aplicações como biocombustíveis avançados, tecnologia de água limpa e novas vacinas e medicinas", assegurou o instituto em seu site, acrescentando que é necessário um diálogo intenso "com todas as áreas da sociedade, do Congresso até especialistas em bioética".
Em compensação, para Pat Mooney, diretro do ETC Group, organismo internacional privado de controle das tecnologias, com sede no Canadá, este trabalho é uma verdadeira "caixa de Pandora".
"A biologia sintética é um campo de atividade de alto risco mal compreendida e motivada pela busca de lucros", afirmou.
"Sabemos que as formas de vida criadas em laboratório podem se converter em armas biológicas e também ameaçar a biodiversidade natural", acrescenta em um comunicado.
A pesquisa foi financiada pela Synthetic Genomics, uma firma co-fundada por Graig Venter.
O Craig Venter Institute patenteou algumas das técnicas descritas nos trabalhos publicados na quinta-feira.

Fonte: https://www.inpi.gov.br