terça-feira, 8 de junho de 2010


Cerca de 160 pessoas, entre produtores, técnicos, lideranças e pesquisadores participaram do Seminário sobre Indicação Geográfica (IG) para o café produzido nos municípios de Campestre, Machado e Poço Fundo em Minas Gerais. 
O evento foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), campus Machado, em 26 de maio pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e o IFSULDEMINAS, com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e prefeituras dos municípios envolvidos.
 
A segunda parte da programação foi dedicada para a criação de uma associação dos produtores, com a formação de uma diretoria provisória, sob a presidência de Maria Selma Magalhães Paiva. A Assembléia constituída para o Seminário reconheceu que a integração dos produtores dos três municípios é requisito fundamental para a formulação do pedido de IG e, no final do evento, aprovou por unanimidade a criação da Associação dos Produtores de Café.
O seminário foi motivo para exposição e ampliação do debate acerca dos desafios e oportunidades que envolvem o processo de reconhecimento de IG. Neste sentido, o pesquisador Miguel Ângelo da Silveira fez uma explanação sobre o projeto, que vem sendo liderado pela Embrapa Meio Ambiente desde 2006, em parceria com diversas instituições de ensino, pesquisa e extensão, como a Embrapa Café, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), IFSULDEMINAS, Emater-MG e Universidade Federal de Lavras (UFLA) e com o apoio do Mapa.
 
O pesquisador enfatizou a existência nestes municípios de um território onde se manifesta uma identidade própria, fruto de uma construção social dinâmica e coletiva. “Por meio desta constatação, aliada aos estudos de geoprocessamento que identificaram similaridades ambientais, com notoriedade do café produzido e pelo histórico de sua tradição e saber-fazer, é que foi detectado o potencial para o reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) do café produzido neste território”, destaca.
Detentor da única IP já concedida para o café brasileiro, o Café do Cerrado Mineiro (produção em torno de cinco milhões de sacas) é um caso de sucesso que exemplifica os benefícios que o reconhecimento pode gerar para o desenvolvimento da região. De maneira clara e transparente, o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, José Augusto Rizental, apresentou a experiência de diferenciação do café e os benefícios que os cafeicultores já estão colhendo, como um preço superior em média de
30 a 50 reais por saca comercializada. Em média a região comercializa 250 mil sacas de café com indicação de procedência. 
A mensagem deixada por ele foi otimista: “Não somos concorrentes. Não há Café do Cerrado, do Sul de Minas ou da Bahia. Nós somos todos brasileiros e devemos mostrar ao mundo nossas diversas regiões e características. Devemos nos unir para desenvolver um marketing conjunto, tendo a IG como garantia de que temos excelentes cafés puros de origem”, ressaltou ele. Rizental destacou também a vantagem do café do Sul de Minas já ter uma imagem de produtora de cafés de qualidade aliada ao predomínio do sistema familiar de produção, característica valorizada pelo comércio internacional.
Os procedimentos de registro e o passo-a-passo para o encaminhamento do processo foram apresentados pela analista de IG do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Lucia Regina Rangel de Moraes Valente Fernandes. Ela destacou a importância da reputação do território requerente de IG, do resgate desta memória, da conscientização junto ao mercado consumidor e da validação do registro nos países compradores. Ela também ressaltou a transparência de todo o processo, que pode ser acompanhado por meio do
 Portal do INPI na Internet. 
Contatos: cibele.aguiar@yahoo.com.br
Embrapa Meio Ambiente (19) 3311.2748
Fonte: http://www.embrapa.br