quinta-feira, 27 de maio de 2010

Petrópolis fará no Brasil cerveja de mosteiro alemão


Cervejaria fluminense vai reproduzir para o mercado nacional a cerveja alemã da marca Weltenburger, fabricada desde 1050.

A cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava e Crystal, convenceu um milenar produtor alemão da Baviera que seria capaz de reproduzir para o mercado nacional a reverenciada marca Weltenburger em quatro variações. Três mestres cervejeiros vieram do mosteiro beneditino, onde essa cerveja é fabricada desde 1050, para passar um mês no Brasil e, assim, garantir que a tradicional receita fosse feita na unidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro.
Para alcançar tal resultado, a Petrópolis vai importar toda a matéria-prima necessária. Por causa disso, a Barock Dunkel chegará ao mercado custando algo em torno de R$ 15.
A aposta da Petrópolis, que detém 9,7% de participação do mercado consumidor nacional, pelos últimos dados do instituto Nielsen, seria questão de sobrevivência. "Temos de explorar outros mercados, como é o caso do segmento de marcas superpremium, se quisermos expandir os negócios no eixo Rio-São Paulo", diz o diretor de marketing da empresa, Douglas Costa.
Com boa presença nos mercados do Sudeste e Centro-Oeste, a empresa enfrenta dura concorrência da grupo Schincariol no Nordeste. Precisa lidar, ainda, com a disposição de brigar por cada milímetro de mercado em todo o País com a gigante AmBev, que detém 69% de participação das vendas totais de cerveja no Brasil.
Limpeza da imagem. O executivo da Petrópolis nega que, ao qualificar sua linha de produção para fabricar uma cerveja tão qualificada, a Petrópolis - que enfrentou problemas com o Fisco e investigações de sonegação de impostos - estaria tentando limpar sua imagem para atrair investidores estrangeiros. "Não estamos à venda", garante Costa. "Essa conversa é recorrente. Cada hora aparece um novo interessado", desconversa.
Entre os candidatos que sempre surgem como eventuais candidatos a uma compra está o grupo inglês SABMiller. Depois que a holandesa Heineken comprou a mexicana Femsa no começo do ano, que no Brasil produzia as marcas Kaiser e Sol, só faltaria ele entrar em um dos mercados mais promissores no segmento de cerveja.
O diretor de marketing da empresa Petrópolis admite, no entanto, que os investimentos em marcas premium, que começaram em 2008 com o lançamento da Petra, têm por objetivo dar um "lustro na imagem" da empresa, mas para poder avançar em outros mercados. "A velocidade de introdução de produtos premium foi maior do que a educação do público consumidor", diz. "Agora, temos de desenvolver a cultura de consumo de cervejas especiais."
A Petrópolis vai investir entre 3% e 4% de sua verba de marketing de R$ 60 milhões por ano em ações para estimular o consumidor a beber marcas premium. Para acompanhar essa estratégia, quatro tipos da cerveja da região de Weltenburger chegarão ao mercado em um intervalo de 60 dias. A estreia, esta semana, será com a cerveja Barock Dunkel (puro malte escuro tipo abadia). Na sequência virão as cervejas Anno 1050, Urtyp Hell e Weissbier Dunkel. "Todas serão produzidas de acordo com as receitas e as normas da Weltenburger", explica Costa.
Licenciamento. Esta é a primeira vez que a marca alemã Weltenburger licencia um de seus produtos para ser fabricado em outro país. A cerveja original é produzida desde 1050 em um mosteiro beneditino localizado a 90 quilômetros de Munique, na região do Rio Danúbio. A região é conhecida por sediar quase a metade das 1302 indústrias de cerveja existentes na Alemanha. A Weltenburger é exportada atualmente para diversos países, entre eles China, Japão e Estados Unidos. 
Fonte: http://www.estadao.com.br