quarta-feira, 26 de maio de 2010

Centro de Biotecnologia da UnB deverá ter como referência modelo da Bélgica


Um dos maiores institutos da Europa na área biotecnológica dever ser uma das principais referências para a construção do Centro de Biotecnologia da Universidade de Brasília. O trabalho desenvolvido pelo Groupe Interdisciplinaire de Genoproteomique Appliquées (GIGA), ligado à Universidade de Liège, na Bélgica, foi apresentado nesta quinta-feira, 20 de maio, a um grupo de pesquisadores da UnB empenhados na construção da obra, que será a primeira do Parque Tecnológico da UnB.
A apresentação foi feita durante o seminário Biotecnologia: perspectivas de pesquisa e inovação, promovido pelo Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília (DPP).
O GIGA é formado por 300 pesquisadores de 28 países e tem pesquisas nas áreas de neurociências, genética, medicina regenerativa, biologia química, entre outros ramos. A instituição atrai indústrias interessadas em desenvolver produtos a partir das tecnologias criadas pelo próprio grupo.
Essa é a meta que o professor Fernando Araripe, do Departamento de Biologia Celular, para a implantação do futuro Centro de Biotecnologia da UnB, que terá foco em duas áreas: produção de biocombustíveis e de biofármacos. Além dos laboratórios, o instituto abrigará uma incubadora de empresa que colocará alunos e pesquisadores da UnB em contato com empresários motivados a investir nas tecnologias desenvolvidas no centro. O GIGA também possui uma incubadora das empresas para aproximar as pesquisas das demandas do mercado. “Nossos estudos em biotecnologia já contam com a parceria de sete empresas, incluindo a Petrobrás”, orgulha-se Araripe, que preside a comissão responsável pela criação do projeto do centro.
O Centro de Biotecnologia terá 3600 m² de área construída e deverá receber cerca de R$ 7 milhões para sua construção e compra de equipamentos. A verba será liberada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, que analisa o projeto.
O encontro foi um dos primeiros contatos para costurar um acordo de cooperação entre as duas instituições. “O convênio pode estar relacionado tanto à gestão quanto à formação de recursos humanos”, explica a decana de pesquisa e pós-graduação, Denise Bomtempo. “Vocês têm, no Brasil, uma enorme gama de produtos naturais, aqui é uma mina de ouro para quem quer investir em Biotecnologia”, aposta Joseph Martial, presidente do GIGA.
Pesquisas
 A UnB desenvolve método para produzir etanol a partir do amido da mandioca e do bagaço da cana. A vantagem da mandioca é que o alimento pode ser estocado, tornando-se fonte de energia durante a entressafra. Quanto ao bagaço da cana, 38% do produto não é aproveitável para fins energéticos. “Se usássemos o bagaço da cana, poderíamos duplicar a produção de etanol no Brasil. Além disso, já há uma empresa interessada em montar uma microdestilaria utilizando mandioca”, destaca Araripe, que preside a comissão responsável pela criação do projeto do centro.
Para produzir etanol a partir do amido desses dois produtos, é preciso alterar a levedura responsável pela fermentação geneticamente. Essa modificação genética também é necessária no caso da produção de uma levedura para ser utilizada em escala industrial na produção de biofármacos. “No Centro de Biotecnologia, teremos condições de testar essa levedura em forma de projeto piloto, para saber se essa ideia daria certo em uma grande indústria”, explica o professor do Departamento de Biologia Celular.
O seminário promovido pelo DPP contou com a palestra do pesquisador brasileiro João Carlos Setúbal, que trabalha no Virginia Tech, nos Estados Unidos. Seu grupo de pesquisa estuda a diversidade biomolecular dos organismos no fundo do Mar Vermelho e concluiu um estudo sobre genes não identificados em genomas completos. Como resultado desse último estudo, Setúbal descobriu 380 novos genes. O pesquisador apoiou as áreas de Biocombustíveis e Biofármacos, que serão estudadas no Centro de Biotecnologia. “Nos Estados Unidos, brincava-se que o Brasil era o país do futuro e sempre será. Já eu acho que esse futuro está muito próximo”, comemora.
O encontro faz parte de uma série de palestras sobre áreas de estudo inovadoras. O próximo evento será sobre Linguística e está agendado para junho, ainda sem data marcada.
Fonte: Mídia Eletrônica: Planeta Universitário -http://www.planetauniversitario.com/-