sexta-feira, 7 de maio de 2010

Brasileiro, um dos povos mais criativos do planeta


por Carlos Mazzei 
O brasileiro é ser inventivo por natureza, mas encontra dificuldades quando quer tornar realidade o seu invento. Enfrenta, por exemplo, a burocracia ao tentar patentear o seu projeto, o que acarreta em longas esperas e perdas irreparáveis de oportunidades.
A assessoria jurídica disponível é escassa, demasiadamente cara e quase sempre ineficiente, muitas vezes, por falta de informação sobre os serviços públicos e o governo federal. Por fim, a genialidade do brasileiro é podada pela ineficiente - ou inexistente - estratégia do governo no sentido de melhorar o grau de conhecimento técnico e científico da população. Por ser tão por pouco eficaz, acaba aniquilando o verdadeiro sentido das coisas no que tange aos investimentos na educação - dos estágio básicos ao mais alto grau de conhecimento - deixando a triste impressão de que estudar, aprender, se especializar, desenvolver novos conceitos, novas tecnologias, inovar, inventar, por vez, pode levar os que ousam ir além a becos sem saídas.
Em um linguajar mais popular ainda, ter uma boa ideia, uma invenção, fruto de conhecimentos adquiridos ao longo de árduos anos de estudos e pesquisas, nem sempre quer dizer que um dia ela se reverterá em benefício para a sociedade. E isto acontece por falta de apoio jurídico, financeiro e estratégico do governo, abrindo espaço para que outros países desenvolvam novas tecnologias, muitas vezes já descobertas por algum cidadão brasileiro, técnico ou apenas uma pessoa de mente genial. A grande questão é que este brasileiro, em decorrência do contexto que encontramos no país, pode ter a infelicidade de "morrer na praia".
O desenvolvimento tecnológico de um país depende não só do trato que seu governo dá à educação, mas também, com a mesma intensidade, a atenção que dispensa à continuidade desse processo, depois de educar o indivíduo. Para o americano patentear um invento nos seu país é algo básico e primordial. Para o brasileiro, o mesmo ritual ainda está bem além de sua capacidade inventiva, pois ele não sabe como fazer para realizar o processo. 
Quando sabe o que fazer, nem sempre tem condição financeira para contratar profissionais e acaba por fazer o processo só e desamparado, contanto apenas com o aconselhamento de funcionários do órgão federal competente que, muitas vezes, não o orientam adequadamente.
Precisamos mudar este cenário, criando instituições de apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias, fortalecer as Associações de Inventores locais porque elas têm a capacidade de receber bem o candidato a inventor, dando a ele a oportunidade de exibir a sua ideia e investir no que for possível. Mais do que isso: se for o caso, enaminhar a invenção a uma equipe especializada para que, munidos das mais recentes tecnologias, sejam capazes de transformar teorias ou rascunhos em projetos concretos.
Por fim, estas instituições podem abrir as vias de comércio para a difusão destas novas tecnologias. Somente assim, o Brasil ganhará mais destaque no âmbito dos direitos autorais de novas tecnologias. E o dono da ideia, o inventor, o "pai da criança", com o dinheiro ganho na comercialização dos frutos do seu conhecimento, pode se tornar um homem rico, contratar mão-de-obra e pagar mais impostos em sua nova empresa criada ou licenciando sua patente para empresas competentes - tudo isso com o apoio do governo. Numa realidade assim, ele teria, ainda, mais recursos próprios para desenvolver novos projetos, desligando-se da instituição que o apoiou, para abrir nova vaga para aqueles que dela necessitarem.
A criação de uma "fábrica de inventores" ou até uma "incubadora de ideias" , certamente não cairá na desgraça de fechamento de empresas e novos negócios, como demonstram as estatísticas das pequenas empresas no Brasil. Isso não acontecerá se os inventores forem orientados a formatar sua ideia e, conseqüentemente, aprenderem a vendê-la ou licenciá-la para pessoas capazes de tocá-la a frente!
Tudo isso é simples como ter uma nova ideia. Simples se não padecer em nossas "praias"...
Carlos Mazzei é presidente da Associação Nacional dos Inventores e consultor na área de propriedade industrial há mais de 20 anos.
Fonte: inventores.com.br