sábado, 2 de janeiro de 2010

Cartilha orienta produtores sobre certificação da cachaça

SÃO PAULO - A pequena fazenda Prazer de Minas, localizada na cidade de Esmeraldas, a 50 quilômetros do centro de Belo Horizonte (MG), produz cachaça artesanal de alambique. De lá, a bebida destilada brasileira segue para os mercados de Portugal e de outros países da Europa. Para garantir as vendas, o produtor Euler Chaves tratou de enviar aos compradores internacionais o certificado de qualidade da sua cachaça.

O Sebrae, junto com o Inmetro, quer aumentar o número de produtores como Euler, que possui produto certificado. Para isso, as duas instituições desenvolveram a 'Cartilha de Certificação da Cachaça de Alambique'. A publicação está disponível nos postos de atendimento do Sebrae nos estados.

A publicação é resultado do Programa Nacional de Certificação da Cachaça (PNCC), desenvolvido pelo Sebrae e Inmetro em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) .O material aborda questões como o que é a certificação, sua importância, como produzir e proceder para certificar a cachaça, requisitos de responsabilidade social, saúde, segurança e meio ambiente, legislação.

A partir do estabelecimento da parceria com o MAPA, o Inmetro publicou o Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) para a cachaça. O objetivo é reconhecer a marca, por meio do Selo de Identificação da Conformidade, das cachaças produzidas corretamente, quer nos aspectos técnicos, quer nos legais, sociais e ambientais. “Com esse reconhecimento, os produtores têm melhores chances de competir com marcas já consagradas tanto no mercado nacional quanto no internacional”, afirma o técnico da Unidade de Agronegócios do Sebrae Aníbal Sales Bastos. De acordo com o técnico, há 44 pequenas empresas que produzem cachaça artesanal certificadas pelo PNCC.

A Certificação de Conformidade não é obrigatória para o setor, lembra o produtor Euler Chaves. Porém, ele defende que o reconhecimento deveria ser obrigatório para que cada vez mais sejam inseridos nos mercados produtos brasileiros de qualidade. “Em 2008 senti o desejo de mostrar para o meu consumidor que o produto da Prazeres de Minas era certificado”, afirma. O produtor contou inicialmente com o apoio do Sebrae e do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas). “O Sebrae pagou 50% do valor da certificação e eu a outra metade".

Esse apoio financeiro que o Sebrae oferece é o Bônus de Certificação. Quando se trata de cooperativas, a Instituição arca com 70% dos custos total da certificação. Quando a empresa é individual, o valor do bônus corresponde a 50%. "O Sebrae também fornece, quando necessário, consultorias tecnológicas”, explica a técnica da Unidade de Inovação e Tecnologia do Sebrae Hulda Oliveira Giesbrecht.

Na opinião do produtor Euler e do gerente geral de Operação da Fazenda Vale Verde, Rafael Gonçalves Horta, os consumidores ainda não possuem muito conhecimento sobre a questão da certificação. “É preciso que haja maior divulgação para os consumidores. A maioria não sabe que a certificação é resultado da boa execução de todos os processos que exige a produção da cachaça. São procedimentos que muitas vezes encarecem o produto”, afirma Rafael, que gerencia a Fazenda Vale Verde, localizada na cidade de Betim, em Minas Gerais.

A pequena propriedade comercializa a cachaça que produz para quase todos os estados do País e a bebida que sai de lá foi considerada a melhor do Brasil pela Revista Playboy, conta Rafael. A cachaça Vale Verde adquiriu sua certificação em junho em 2007 por meio do Programa Nacional de Certificação da Cachaça (PNCC).

Saiba mais

A certificação avalia a conformidade da cachaça em relação às normas, critérios e procedimentos que estão definidos no Regulamento de Avaliação de Conformidade (RAC) para cachaça. O trabalho busca garantir um adequado grau de confiança de que o produto atende a critérios pré-estabelecidos. O RAC para cachaça, de caráter voluntário, fornece as bases para que os Organismos de Certificação de Produto (OCP), reconhecidos pelo Inmetro, possam certificar os produtos que estão de acordo com esse Regulamento.

“Requisitos de responsabilidade e de proteção ao meio ambiente, bem como parâmetros associados à segurança do consumidor relacionados às substâncias, freqüentemente encontrados na cachaça, devem estar sob controle”, afirma o técnico do Sebrae Aníbal.

Uma cachaça certificada pode gerar os seguintes benefícios: acesso a novos mercados, tanto no exterior quanto no Brasil; maiior credibilidade do produto para o consumidor, que reconhece o Selo de Identificação de Conformidade do Inmetro como um símbolo de qualidade; diferenciação frente aos concorrentes, associando a imagem do produto à conformidade a normas e regulamentos pré-estabelecidos; combate à concorrência desleal; e redução de custos operacionais.

Fonte: -http://www.dci.com.br/-